Maria? Escuta Maria... Agora vou lhe contar...
Vi aquela criatura...
Mergulhei na sua morte.
Apreciei cada cafezinho servido.
Olhei sua cara de morta,
Que continuou safada, delinquente e criminosa.
Senti o aroma fétido de coisa podre que exalava daquilo.
Apodreceu em vida...
Já se encontrava pronta pra cada mordida na sua carne,
De seus companheiros vermes.
- Sinta! Cada mordida é a lembrança de suas maldades.
É a lembrança daqueles feridos, cavernados e
Queimados vivos por tal criatura.
Mas, a vida, não conseguiu lhes tirar,
Criatura vil, a morte não alivia seus crimes.
Padecerá, vagando pelos umbrais do infinito.
Os vampiros que conquistou lhe sugarão a alma.
Sentirá a dor das covardias de que fora autora implacável.
- Sinta! Veja quantos bichos caem das suas carnes.
São colônias empencadas de si mesmas – Verme!
Haveria carne pra tanto verme conquistado?
Um por um reclama seu pedaço nesse banquete raro por tantas
iguarias.
E seus parcos amigos (...) estavam presentes, riam e
contavam piadas.
- Sim, Maria. Aquela velha com sua falsa classe a olhava e
cobria o rosto a rir, sacodia-se nas banhas, como a dizer:
- Amiga otária... Queimou a si mesma... E eu, ainda, perguntava como ela se livrava de seus algozes, ts ts ts... Eu, sim, sou esperta e inteligente, apronto todas e ninguém me pega, rsrs...
É... Mal sabia ela, Maria, que essa criatura que chama de otária lhe
imputara vários dos seus crimes, já que esta se queimava por si, só, pelas várias
vertentes de sua burrice. Criaturas otárias não se reconhecem?
Maria, essa é a lembrança viva do vivido...
Passado se faz presente, misturam-se os verbos e seus
tempos...
Indo ao cemitério dá pra ver seu velho túmulo...
E dele a criatura se levanta a lhe plantar as flores, já que
o abandono é geral.
Ali, fica contando suas flores, murchas, secas, com bolor,
ferrugem, não importa, continua plantando, como fez com a maioria, para depois
comemorar seu falso jardim, juntamente com seus fantasmas. Não importa.
Vez, outra, arrisca um passeio em casas de amigos (...) que
se espantam e correm para casa de vizinho.
É, Maria... Assim termina a história de uma horrenda
criatura que se embrenhou num mundo que não era o seu, se impondo como estrela
que nunca foi, pois se banhava no brilho que roubava de vítimas amedrontadas
por sua total violência, até que encontrou quem lhe cortou o ar e sem fôlego
pereceu.
Olha, Maria, sem maldade, ela mereceu... Jamais se viu
criatura endemoniada nesse grau. Era quase o próprio demônio, mas, com a
diferença que o demônio é inteligência superior e a criatura é burra.
Maria, você não sabe, mas a horrenda, aterrorizou meio
mundo. Usava de todas as armas para conseguir seus intentos. Incriminava
pessoas com suas falsificações, mentia e nem gaguejava ou ficava vermelha.
Cantava ao mundo feito taquara rachada as dores que simulava. Tudo que
aprontava com suas vítimas, a criatura invertia a situação dizendo que faziam
com ela.
- Ah, Maria... Você não sabe nada... Quem sabe um dia eu
consiga lhe contar tudo do que aconteceu... Quem sabe... Até, Maria! Fica degustando
esse prato, se consegue... Cuidado para não vomitar a bilis no tapete...