Dia Internacional da Mulher?
Comemorar o que? A responsabilidade que multiplicou? As
surras e mortes que aumentaram? O tempo para descanso que já não existe? O
objeto sexual que não deixou de ser?
Comemorar o amor que não passa de engano? O romantismo que
só existe nas histórias de ficção onde se transcreve os sonhos?
Comemorar a ingenuidade de se achar companheira, enquanto se
é vista, apenas, como a dona de casa que lava, passa, cozinha, vai ao
supermercado ou à vendinha, ali do lado, pegar o que falta para o almoço ou
jantar, para dar de comer ao marido ou ao marido e filhos, quando chegam e dão
seguimento aos seus interesses enquanto se espera pelo chamado que a comida
está na mesa?
Comemorar que vai para a rua, para o trabalho, muitas vezes,
obrigada a ganhar o “pão de cada dia” para alimentar os filhos?
Comemorar que muitas vezes perde seus filhos para um mundo desregrado
por falta de sua companhia e orientação?
Comemorar o desespero de ver um filho morto por desajustes
sociais?
Comemorar o que? Se quem deveria lhe valorizar nem imagina a
dimensão do que é a dor de parir?
Comemorar que a sua terna e eterna dedicação na maioria das
vezes é vista, apenas, como o cumprimento de sua obrigação?
Comemorar a beleza explorada ou usurpada pela ambição e ganância?
Comemorar o comércio do encanto, da vaidade e da sedução?
Comemorar que, mesmo, sendo dita amada e adorada continua a
ser explorada em todos os sentidos?
Comemorar que, por mais independente que seja e, seja pobre,
rica ou classe média é sempre submissa à vontade do homem?
Não! Não há nada para se comemorar. Nem a libertação, pois
que a escravidão, nesse caso, não passa de uma obrigação ditada pela sociedade.
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