Pois é...
Vejo que foi alvo da neurose dessa pessoa que
sempre julgou lúcida, de bom senso, inquestionável; correta, ou melhor,
corretíssima, nas acusações que fez à outras pessoas com as quais ela cisma. Uma
vítima. Agora, sentiu na pele, o que sempre foi dito a respeito dessa criatura
que toma para si todas as falas que lhe cabem, que lhe vestem.
Até então foi parcial; partidário das suas acusações.
Sempre elevando-a ao pedestal de grande pessoa, vitimada pela falta de caráter
de outros. Piamente acreditou e apoiou
suas falas de acusações a terceiros. Vítima! Assim ela se faz e encontrou na
sua crença o apoio necessário para continuar alimentando sua loucura. Rasgava
sua seda para denominá-la com adjetivação carregada de soberba, enquanto não
passa de alguém que nem sabe o ser sofrível e desregulado que é. Comungou da
sua destemperança.
É triste, mas é a verdade. Trata-se de um ser sem condições
de participar de uma coletividade, principalmente, virtual. Numa coletividade
real a maioria das pessoas tem por perto alguém ou algumas pessoas com laços de
parentesco, amizade ou conhecimento. Isso de certa forma é uma espécie de regulador
de comportamento. No mundo virtual, além de tudo ser mais intenso, a falsa
ideia de que tudo se pode e nada se complica, por nada se responde, faz com que haja negligência moral e abuso nas ações dos ignorantes e desequilibrados. Foi o que
lhe aconteceu. Ao tornar público o seu pensamento – pensamento, esse, que é uma
carapuça que a tal toma para si – foi o mesmo que injetar nas suas veias o pior
veneno com uma fina e torturante agulha; teve a sensação de receber tudo aquilo
sem dó nem piedade e ao vivo. Sim, a sua mente desregulada transformou uma
imagem inerte em um fato realístico. É o que faz com todas as imagens que
transforma em suas vestes. É o que acontece com todas as pessoas que trazem
imagens com as quais ela se identifica e as toma para si; se veste com elas. Apenas, uma diferença
se dá em duas pontuações: a primeira é que como ‘amigo’ e polido no trato ela
respondeu à sua ‘carapuça’ de forma disfarçadamente controlada e
disfarçadamente amigável. Mas, não se
iluda, a raiva, a ira, foi a mesma relativa aos demais que ela emparedou sem os
seus conhecimentos e os explodiu sem que soubessem, inicialmente. Cita-se,
também, que a sua vivência já bem experimentada e o carinho nutrido pela tal colaboraram
na condução do episódio de forma tranquila, porém, não sem tensão, sem peso. Vi
a sua decepção! Vi! Vi que a reação demonstrada diante e referente a uma ação
até simplória, foi demasiadamente estúpida, ferindo uma admiração até ali
imaculada. Não foi uma ranhura que se
pensa que uma argamassa poderá cobrir e com um bom amaciamento e uma bela
tintura poderá desaparecer com seus sinais. Não! Foi mais que isso. Foi uma
irrecuperável rachadura por onde vazou tudo o que havia armazenado de fantasia,
confiança e admiração por algo que, na verdade, não existia; não passou de
ilusão. Um falso quadro apresentado como de fino traçado. Não era nada do que se tinha total convicção.
Era tudo que não se tinha apresentado, percebido ou sentido e que caiu como uma
bomba destruidora de toda uma estrutura com seus concretos. O baque foi sentido
e solene. Houve o fatal rompimento, a morte de um pensar. À percepção da tão
notória quebra, aconteceu a fraca e desajeitada tentativa de remendar a
rachadura. Sem sucesso. Contudo, o sentimento fraterno do que restou de tempos
áureos da ilusão juntado ao sentimento de pena ao constatar situação tão
delicada, trouxe o sentimento paternal em socorro à história. Hoje, é isso que
prevalece quando necessário.
Eu sempre digo que a verdade se sobrepõe a tudo. E todos que
são ludibriados pela ilusão, um dia são acordados pela razão. Hoje, seu discurso é diferenciado; já não traz
aquela contundência própria da ignorância. Contundência que permeou seu
discurso, até aqui. Discurso de quem já viveu e andou uma vida toda e acreditou
ter aprendido o bastante para falar, criticar e ditar regras da boa moral e dos
bons costumes. Presunção, apenas. Com certeza o choque da verdade despiu-lhe
dos seus alicerçados pensares. Jogou por terra, como a uma folha que cai, o
acumulado desses anos todos que viveu. Hoje, com certeza, tornou-se uma outra
pessoa, digamos assim, pois a essência prevalece sobre esse tempo e espaço. Hoje,
traz fala amena sobre temas conflituosos, quando, antes, era soberbo, até agressivo
ao colocar um ponto de vista. Hoje, pelo que se vê as pessoas, antes, erradas,
não estavam, não eram e não são erradas, como ditou. É, o choque valeu.
De um grande e feroz tigre restou um gatinho.